Jesus e a Mulher Adúltera
A passagem Bíblica que narra o encontro de Jesus com a mulher adúltera, já se
inicia de maneira revolucionária: "Jesus, assentando-se, ensinava no
templo" (Jo 8:2). Ele se assentava em qualquer parapeito, degrau, calçada,
barco, aonde fosse e ministrava a Palavra. Enquanto isso, os fariseus
disputavam o púlpito e as melhores cadeiras nas sinagogas.
Ele havia acabado de ensinar aos discípulos, estava saindo do
templo e enquanto se dirige para casa, um motim se forma em Sua direção.
Dezenas de homens carregam uma mulher segurando-a fortemente nos braços.
Empurram, agridem verbalmente. Ela, com as vestes rasgadas, os cabelos
assanhados, chora, soluça implora piedade. Teria sido a mulher, vitima de armação?
Onde estaria o homem que adulterou com ela? Por que omitiam parte da lei de
Moisés que previa apedrejamento para o casal?
"Também
o homem que adulterar com a mulher do outro havendo adulterado com a mulher de
seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera" Lv 20:10
A intenção não era fazer justiça, mas punir Jesus, a mulher era
uma espécie de "isca": "Na lei nos mandou Moisés que as tais
sejam apedrejadas, Tu, pois, que dizes"? Jo 8:5. Enquanto os homens
seguram pedras nas mãos, bradam por morte, Jesus se inclina para escrever na
terra. Eles ficam surpresos com a atitude de Jesus. Movimentam a cabeça em
dúvida enquanto olhares procuram resposta: "O que Ele está fazendo"?!
Penso que o gesto de Jesus foi uma forma de dizimar a ira, calar os insultos,
as muitas vozes. Jesus se inclina e eles silenciam, soltam à mulher, que em
suspense aguarda o desfecho.
"Ele
escrevia com o dedo na terra" Jo 8:6
Não haviam muitas pedras no lugar, O Mestre se agacha e espalha
com as mãos o pó das pedras, a areia. Representantes da Lei ajuntam pedras.
Jesus representante da graça se interessa pelo pó delas. Eles, a morte. Jesus,
a Vida: “E formou Deus o homem do Pó da terra" (Gn 2:7). Nas mãos do
carpinteiro, o pó da terra é moldado.
Jesus inaugura um novo tempo em que às pedras testificariam do
Seu poder: "Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras
clamarão" Lc 19:40
"Vós
também, como pedras vivas, sois edificados
casa espiritual e sacerdócio santo, para
oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis
a Deus, por Jesus Cristo." IPe 2.5
Ao se agachar em meio à turba Jesus nos dá uma lição: "Seja
um pacificador". Aquele motim de homens enfurecidos não contamina o
coração de Jesus. Já não se ouve o som das muitas vozes, uns poucos homens
perguntam simultâneamente: "Dize o que devemos fazer"? "Jesus
endireita-se e diz: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o
primeiro que atire pedra contra ela e tornando a inclinar-se escrevia na
terra" Jo 8:7-8
Jesus escreve na terra de costas para eles. A segunda agachada
de Jesus, mais uma vez transforma a situação. Obriga-os a refletir:
"Saíram um a um a começar pelos mais velhos." Envergonhados, feridos
na consciência, soltam as pedras ao chão. A graça não veio para condenar, mas
para salvar: "Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais" Jo
8:11. A mulher profundamente agradecida sai correndo pelas ruas segurando suas
vestes rasgadas.
A notícia deve ter se espalhado em Jerusalém, chegado aos
ouvidos de seu marido. A Bíblia não menciona o que aconteceu com o casamento
daquela mulher, mas vejo seu esposo "soltando as pedras",
abraçando-a, perdoando-a. Assim creio porque Deus começou uma obra na vida dela
e deve ter amparado-a em sua família.
Existem muitas lições nessa maravilhosa passagem das Escrituras,
não me atrevo a enumera-las. Apenas oro para que o Espírito Santo fale aos
corações revelando os mistérios da graça. Soli Deo Glória.
Baseado em João 8:1-11.